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Classe média perde espaço no mercado imobiliário com avanço do luxo e do Minha Casa, Minha Vida

Classe média perde espaço no mercado imobiliário com avanço do luxo e do Minha Casa, Minha Vida

A classe média vem perdendo espaço no mercado imobiliário em relação à venda de imóveis, principalmente em 2024. Dados da consultoria Brain mostram que a fatia desse segmento caiu de 62% para 58% no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período do ano anterior. O crescimento nas vendas para a classe média foi de apenas 6%, atingindo 124.895 unidades.

Em contraste, o mercado de luxo avançou 23%, chegando a 11.994 unidades, e os imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) registraram alta de 26%, alcançando 76.888 unidades.

“A classe média tem interesse em comprar imóveis, mas encontra dificuldade em obter crédito devido aos juros elevados e ao alto custo do funding”, explica Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). A taxa Selic, atualmente em 10,75% ao ano, tem impacto negativo sobre os tomadores de crédito.

O segmento de médio padrão enfrenta ainda pressões inflacionárias, de juros e desemprego, segundo Alberto Ajzental, coordenador do curso de negócios imobiliários da FGV.

As construtoras estão direcionando esforços para o MCMV, que oferece maior demanda e possibilidade de venda rápida. Quem está dando as condições (para o aumento da oferta de imóveis econômicos) e despertando o interesse das construtoras é o governo”, complementa.

A Cyrela, uma das principais incorporadoras do país, reflete essa tendência de mercado. No segundo trimestre, a empresa registrou uma queda significativa de 79% no Valor Geral de Vendas (VGV) lançado para o segmento de classe média através de sua marca Living, totalizando R$ 267 milhões em comparação com o mesmo período do ano anterior. Apesar disso, as vendas da empresa para esse segmento apresentaram um crescimento de 9% no período.

“A habitação sempre figura como uma das prioridades da população, pelo desejo universal de morar bem”, alerta Fábio Tadeu Araújo, presidente da Brain. Apesar dos desafios, 40% da classe média com renda familiar entre R$ 10 mil e R$ 20 mil manifestam intenção de adquirir um imóvel nos próximos 12 meses, segundo a Abrainc.

O estoque de apartamentos para esse segmento está sendo absorvido mais rapidamente em 2024, indicando que o desejo pela casa própria permanece forte entre os consumidores de classe média.
Fonte: Estadão

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